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Mostrando postagens de janeiro, 2013

Retalhos de um dia

Das destrezas, as alegrias se fizeram entre os caminhos ordinários do querer bem. Inventaram-se ao gosto do inconsciente e transformaram-se em você, meu delineado do desejo. Lá estava ele ou eu, não importa. Lá estava a vontade de um que era suficiente para dois. As linhas eram tênues, havia aquela juvenil curiosidade pelo outro. E isso era recíproco. Uma vil armadilha para aquele que preso está na própria solidão. Alimentadas foram as vontades secretas com o mais puro dos elixires possíveis. Mesmo que em folha de papel branco as letras frias em azul noturno já descreviam o fracasso. Acreditar na esperança da possibilidade da mudança foi um ato patético de ingenuidade. Deixa estar. Um dia há de haver uma ternura que me vista. A paciência em forma de taça carrega o vinho amanhecido. É o que tenho para essa noite. Nada mais.

Túmulo de Cinzas

Às vezes eu ignoro as tuas imagens que povoam na minha mente. É o meu ato de desespero para tentar seguir em frente. Esquecer-te e não suportar mais em meus braços o abraço no vazio. Correr não adianta. Sejam os atlânticos, os impasses ou os pesadelos morais: Tudo se tornou motivo de adeus. Onde havia cumplicidade hoje há tumulo de cinzas. E as lembranças impulsionam o desapego brotar, para a ausência se tornar tolerável. Talvez o erro tenha sido meu: Prostituir os meus sentimentos em contêineres homeopáticos somente serviram para disfarçar os sintomas dessa espécie de sanidade que se chama amor. Um amor que se derrama aos ventos, para dançar ao gosto do acaso e na fúria do tempo. Transforma o que resta nas dunas do mundo e retratos elaborados se formam como palavras, pois é tudo o que tenho de ti. E assim, as lembranças, as imagens e minhas vontades, povoarem minha mente como fantasmas malcriados. Reafirmados estão os medos, mas reascende a esperança. Pois errar é

Fotos não minhas

Tão persuasivo e doce é o cheiro de certa juventude inventada que me embebedo entre as fotografias que nunca foram eu. Escolho as que mais se encaixam em cada um dos meus desejos, das vontades e recalques; para então transformar-me num amalgama do avesso. Olho-me e não reconheço as marcas da realidade que pungem o meu coração, assim como o compasso dos batimentos sonorizam o caos da vida. Pois é assim que concluo que a transformação é um ato falho dado aos seres humanos como uma dádiva: que mais é como o ópio para os desesperados por prazer. Sou um pouco de cada coisa, e não negligencio isso. Mas sempre me figuro na ilusão de ser muito mais daquilo que não sou.  É o espelho a refletir as partes que não me cabem. Excluo tudo o que não me agrada e é com esses restos que moldo a barreira dentro de mim, para assim absorver suavemente todas as fúteis vontades pré-moldadas pelos tambores do contemporâneo. Busco então aliviar a tensão das engrenagens dessa maquina alimentando-a